The Displeasing Displacement – Parte I de VI

Louise estava subindo as escadas da casa, voltando do seu quarto dia de aula, quando recebera a notícia do tio. Na porta mesmo ele dissera, “Hey Valerie, amanhã você muda para uma nova escola. Vai ser uma aventura, ah-ah!”. Ela agora estava deitada na cama do seu quarto, ainda nas vestes rubras do Colégio Saint’Rénnau, que era tido como o melhor da cidade de Harmônia. Hum... Harmônia. Era uma boa cidade. Tio François sempre brincava que a harmonia de Harmônia vinha do seu perfeito equilíbrio entre o calmo e o caótico, o que era plena verdade; aquela cidade tinha de tudo um pouco, mas não era grande. Uma prima em algum grau de François, Hortência, uma estilista que de vez em quando dava as caras nas portas da casa do homem, vivia falando que Harmônia era como uma Nova York condensada. Talvez por isso fosse sua 2ª cidade favorita; o primeiro lugar, claro, era Nova York. Mas isso é uma história totalmente diferente.
- Posso entrar? – disse alguém, antecedido de uma batida na porta.
- Claro.
Um rapaz alto passou pela porta, a cabeça mais parecia com uma tocha acesa de tamanha vivacidade que tinha o tom ruivo do seu cabelo. Tinha somente um ano a mais que a garota, mas qualquer um poderia jurar de joelhos numa bacia de cacos de vidro e giletes que era muito mais velho.
- Meu pai quer saber se você está bem. Já são sete horas... – Ludwig informou-a pausadamente. Seu rosto, além da aparência doentia de sempre, apresentava certo tom pensativo e preocupado. A prima, ou quase prima, ou quase irmã, era uma das duas únicas pessoas com quem ele se importava na vida. A outra, obviamente, era seu pai, pois o resto, se não era de nenhuma importância, era de relativamente muito pouca. Agora, ele e François pareciam dividir o mesmo cuidado em relação à mudança de escola de Louise. Ela estava a tanto deitada ali, na mesma posição, que parecia estar completamente abalada e deprimida, coitada. A menina poderia até ter um treco. O jovem só tinha a precaução de não olhar muito para Louise enquanto estava preocupado com ela. Suspirou e retomou a fala, insistentemente olhando para os pés da cama. – Você... Você está chateada com o quê Louise? Não se preocupe, porque...
- Será... – interrompeu Louise, ainda pensando. O primo, ao lado da cama, se calou; ele já imaginava a conversa que se seguiria.

- Será que eu vou ficar sozinha no novo colégio, primo? E se ninguém gostar de mim? E os meus amigos daqui? E VOCÊS? – dizia a menina, com voz de choro e olhos suplicantes.
Então, Ludwig a consolaria, falaria que ela poderia voltar quando quisesse e que a família nunca está longe da gente. Ele chamaria o pai, e os três ficariam abraçados um bom tempo como uma linda família feliz. Eles chorariam um pouco, mas logo depois estariam comendo biscoitos com marshmallows perto da lareira.

- Será que eu vou ter que acordar muito cedo? – completou. Ela parecia realmente decepcionada. No caso, o primo também. Ele quase caíra para trás. Estava com vontade de enforcar a menina agora. Como ela pode deixar todo mundo preocupado com ela desse jeito? - Aiai, parece que vai acabar a vida mansa pra mim, Luddy... – ela dizia com um sorriso torto, sentando-se.
Uma verdade era que Louise nunca dera muito valor à família ou amigos. Apesar de ela de fato ter perdido os pais, não fora nenhum trauma de infância nem nada; ela simplesmente era assim. Companhia era bom realmente, o que ela reconhecia e gostava. Mas também se virava muito bem sem ela. Louise não chegava a desvalorizar totalmente as relações com as pessoas, ela só não sentia depender da ajuda, amor, piedade, ou o que quer que fosse de ninguém. Se sentia falta de alguém, não demonstrava, pois era incomum até para si mesma. Restava-lhe imaginar se na tal “Escola Preparatória Prufrock” eles acordavam cedo ou tarde, se a cama era boa...
- É, parece que sim... Mas não acho que isso se torne um grande problema para você. – a voz de Ludwig saía mais reflexiva que o normal. Ele ainda estava meio assustado com a ação da menina e irritado consigo mesmo por se preocupar com ela. Enquanto isso, ainda tentava evitar olhá-la. Era muita coisa ao mesmo tempo para sua cabeça de fogo. – Hum... Eu acho que você devia descer e comer alguma coisa agora, Lou. Depois você pode arrumar suas coisas para a viagem. Vai dar tudo certo. – concluiu o rapaz, tentando sorrir a fim de passar um pouco de aconchego para a prima que claramente não estava precisando. Ele não fazia aquilo com muita frequência, de qualquer forma. Abrir os lábios e mostrar os dentes era uma reação quase desaprendida para ele.
- Sim. – ela retribuía o sorriso fracamente – E você poderia aprender a sorrir mais, nem que seja falsamente, querido cabeça-de-fogo. Faz bem para o fígado e irrita seus inimigos. – disse fazendo um sinal positivo e saindo pela porta, enquanto cantarolava alguma melodia desconhecida e claramente descompassada. Ludwig soltou um risinho, e não precisou de esforço para fazê-lo.

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